Li com pesar – e em primeira mão – o post do Germano do dia 26/1. Ter o carro arrombado e o som furtado não é experiência das mais agradáveis, certamente. Recém-chegada de férias, reassumia minhas funções de tutora e era o primeiro texto que revisava nessa reentrèe. 
E o que li me fez pensar. Foram férias maravilhosas, 16 dias em que eu, meu marido e as crianças - 4, João com 19 anos, Luis com 16, Bruno com 6 e a pequena Letizia, 1 ano e 11 meses – passeamos pelas paisagens geladas da terra do Fogo (embora fosse verão, chegamos a pegar 2ºC), pelo visual desértico entrecortado por monumentais glaciares e lagos imensos na Patagônia, pela farra de chocolates de Bariloche, pelo paraíso de mochileiros que é El Bolsón, pelo tom cosmopolita de Buenos Aires. Nas fotos, estamos em uma estância em El Calafate e o mais velho foi o fotógrafo. Na outra, meu marido está com o quarteto fantástico e eu fotografei.
Mas lendo o post do Germano percebi que o que mais me encantou nestas férias não foi nenhuma das paisagens vistas, nenhum dos lugares visitados. Foi a possibilidade de andar a pé pelas ruas sem medo. Foi a chance de passear, rir, olhar uma vitrine, entrar em uma catedral, se atrasar do grupo por cansaço, andar lentamente de mãos dadas com minha caçula e não ficar apreensiva.
Pode ter sido inconseqüência de turista, não nego. Nossos hermanos vizinhos não são perfeitos, acabaram de passar por uma crise financeira monumental que se faz se
ntir até hoje em seus preços extremamente atraentes para nossa moeda atualmente mais forte. Não recebem o turista tão profissionalmente como poderiam, tivemos nossa cota de motoristas de táxi rudes, de receptivos turísticos mau-caráter, mas nada que chegasse a empanar o brilho da viagem em si.
O que quero ressaltar é a sensação que nós, como cidadãos brasileiros, não temos mais – a cidade é nossa, é o criminoso quem tem medo de ser pego, não o cidadão. Aqui as cidades não são nossas, a paz não é nossa. No vôo de volta li uma excelente entrevista do Caco Barcelos no Almanaque Brasil, da TAM, em que ele fala com assombro de como o brasileiro, tão alegre, tão receptivo, se deixou dominar pelo lado obscuro, pela violência, sem ainda querer que isto apague o que de bom temos. É difícil andar em paz assim.
Ainda ontem, na varanda do apartamento, escutei “Mãos na parede, encoste e ponha as mãos na parede” - era uma viatura da Ronda do Quarteirão abordando dois suspeitos, policiais de arma em punho, sob o olhar curioso do meu Bruno, que ainda acha isto uma aventura. Espero e conto que este policiamento ostensivo e melhor equipado nos ajude a retomar nossa cidade. O lado negro da força não pode prevalecer...

E o que li me fez pensar. Foram férias maravilhosas, 16 dias em que eu, meu marido e as crianças - 4, João com 19 anos, Luis com 16, Bruno com 6 e a pequena Letizia, 1 ano e 11 meses – passeamos pelas paisagens geladas da terra do Fogo (embora fosse verão, chegamos a pegar 2ºC), pelo visual desértico entrecortado por monumentais glaciares e lagos imensos na Patagônia, pela farra de chocolates de Bariloche, pelo paraíso de mochileiros que é El Bolsón, pelo tom cosmopolita de Buenos Aires. Nas fotos, estamos em uma estância em El Calafate e o mais velho foi o fotógrafo. Na outra, meu marido está com o quarteto fantástico e eu fotografei.
Mas lendo o post do Germano percebi que o que mais me encantou nestas férias não foi nenhuma das paisagens vistas, nenhum dos lugares visitados. Foi a possibilidade de andar a pé pelas ruas sem medo. Foi a chance de passear, rir, olhar uma vitrine, entrar em uma catedral, se atrasar do grupo por cansaço, andar lentamente de mãos dadas com minha caçula e não ficar apreensiva.
Pode ter sido inconseqüência de turista, não nego. Nossos hermanos vizinhos não são perfeitos, acabaram de passar por uma crise financeira monumental que se faz se
ntir até hoje em seus preços extremamente atraentes para nossa moeda atualmente mais forte. Não recebem o turista tão profissionalmente como poderiam, tivemos nossa cota de motoristas de táxi rudes, de receptivos turísticos mau-caráter, mas nada que chegasse a empanar o brilho da viagem em si.O que quero ressaltar é a sensação que nós, como cidadãos brasileiros, não temos mais – a cidade é nossa, é o criminoso quem tem medo de ser pego, não o cidadão. Aqui as cidades não são nossas, a paz não é nossa. No vôo de volta li uma excelente entrevista do Caco Barcelos no Almanaque Brasil, da TAM, em que ele fala com assombro de como o brasileiro, tão alegre, tão receptivo, se deixou dominar pelo lado obscuro, pela violência, sem ainda querer que isto apague o que de bom temos. É difícil andar em paz assim.
Ainda ontem, na varanda do apartamento, escutei “Mãos na parede, encoste e ponha as mãos na parede” - era uma viatura da Ronda do Quarteirão abordando dois suspeitos, policiais de arma em punho, sob o olhar curioso do meu Bruno, que ainda acha isto uma aventura. Espero e conto que este policiamento ostensivo e melhor equipado nos ajude a retomar nossa cidade. O lado negro da força não pode prevalecer...
Gloria Molinari
3 comentários:
Glorinha que linda tua família! Achei Bruno a tua cara!
Estou te devendo uma visita, vamos ver se esse ano eu apareço rsrs... apareço sim!
Estou programando as minha férias para argentina, depois quero umas dicas.
Que loucura mesmo essa violência que a gente vive, espero também que esse policiamento dê um novo rumo a nossa cidade.
beijos
Nada como nos afastar um pouco para percebermos a realidade de outra forma. Além dessa viagem à Argentina, tenho a oportunidade de conhecer um pouco outra realidade - em Luanda/Angola, onde passo metade do tempo. Além de conhecer um pouco dessa outra realidade, e ver que não estamos sozinhos com nossos problemas, também tenho a oportunidade de ficar afastado por um tempo, e ter uma outra perspectiva, sem estar imerso no dia-a-dia da cidade e do país. Não é agradável ver o que está acontecendo, mas estou convencido de uma coisa: cabe a nós mudar "isso tudo que está aí".
Gloria,
Muito bom o post. Realmente, a situação em que vivemos é crítica e como vítima não estou sozinho neste barco. Da semana que fui assaltado até hoje dois amigos meu já vivenciaram a mesma situação (seus carros foram arrombados), comprovando a gravidade da nossa realidade. O que ainda me deixa com esperança é que só depende de nós, cidadãos, para mudar esta situação. Vamos ser mais atuantes e cobrar mais dos nossos representantes federais e estaduais. Desse modo, quem sabe, poderemos passear tranquilamente pelas ruas de nossa cidade como você fez nas suas férias.
Germano Arraes
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