quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A vida se faz de memórias

Depois de uma segunda-feira agitada, encerrando o período de provas na faculdade, deu-se início o Mundo Unifor, no qual dispomos de palestras e mini-cursos voltados para cada área específica.

Assim, tive a oportunidade de assistir a algumas palestras. Uma que me chamou atenção especial foi a palestra do arquiteto Ciro Pirondi – Arquitetura e as Fronteiras do Conhecimento – o palestrante é um dos fundadores da Escola da Cidade (Instituição de Ensino Superior localizada na cidade de São Paulo) e simplesmente arrasou em seu discurso.

Ciro enfatizou a necessidade do arquiteto em aprofundar e estabelecer relações entre seus conhecimentos enquanto estudantes, em termos culturais e técnicos, para que possamos nos formar profissionais dignos, longe da mediocridade, pois, de acordo com as palavras do palestrante, e que concordo plenamente, nossas referências é que dão forma ao nosso trabalho. Os momentos que vivenciamos, a maneira como enxergamos o mundo, e a responsabilidade que adquirimos é que vão ditar o tipo de arquitetura que faremos.

Outra coisa que puder fazer foi assistir a um filme (o que não fazia a alguns meses). O escolhido foi Cinema, Aspirinas e Urubus, do brasileiro Marcelo Gomes. Pude ver, como em raros outros casos, o Nordeste ser apresentado de forma tão transparente, sem caracterizações forçadas, que na maioria das vezes acabam por beirar o ridículo.

O filme descreve a vida de dois diferentes jovens que se cruzam no sertão nordestino, em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial. Ranulpho, o nordestino, é um sonhador, determinado, e que identifica em Johann, o alemão, sua oportunidade de sair daquela realidade e encontrar seu destino. Com seu jeito peculiar, o personagem quebra paradigmas da maioria dos espectadores, que acreditam que todo sertanejo vitimado pela seca é sofredor e resignado a sua realidade, sem sonhos e ambições.

Já Johann mostra um outro lado dos alemães, um lado humano, que não se identifica com a realidade das guerras e foge para o Brasil em busca de uma vida em paz. Ele não apresenta comportamentos que identificassem quaisquer sentimentos de superioridade, ao contrário, aceitava com maestria as diferenças culturais que lhe cruzavam o caminho.

É impossível não relacionar o filme com as palavras de Ciro. Adaptando as palavras do palestrante para a realidade além da arquitetura, fica a idéia de que cada um é o responsável pelo seu destino, pelo rumo de sua história. E que o sucesso dessa realidade depende da vontade, do conhecimento, da esperança, do desejo de ir além. É nesse desejo que encontramos coragem para arriscar, e é dos desafios vividos que construímos nossas histórias, e são essas histórias que guardamos na memória.

Por isso, cultivemos sempre o desejo de crescer, buscando ser pessoas melhores, não temendo arriscar… muitas vezes são os caminhos mais tortuosos os que mais marcam nossas vidas.
Ellen Yanase

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Concordo com você Ellen. Há quem diga que o destino muitas vezes se apresenta, simples assim. Mas a decisão que você toma a partir daí, se (e como) aceita ou enfrenta cada situação que se apresenta, é que vai definir o próximo passo. E lá na frente, quando olhar pra trás, verá que foi você quem guiou o seu destino.

Felipe Bueno