sexta-feira, 5 de outubro de 2007

O usufruto do direito de greve!

Ontem fui para a aula e recebi a noticia de que os professores da UFC estão prestes a entrar em greve por tempo indeterminado. Mais uma, dentre as tantas greves de funcionários que estão por aí pelo nosso país.

Há poucos dias tivemos greve nos Correios. Os médicos do município de Fortaleza, depois de 48 horas de paralisação, mal voltaram a trabalhar nesta quinta-feira (04/10) e já ameaçam parar novamente dia 15/10. Greve dos policiais civis e federais em vários estados do país ameaçam a segurança pública. Hoje presenciamos a greve dos bancários, onde apenas a Caixa ainda permanece em paralisação por tempo indeterminado. Agora, já há noticias sobre a greve na UFC... são tantas, que não dá nem pra listar todas aqui.

Entendo que a greve é um direito garantido pela Constituição Brasileira, e que esta faz parte da democracia. Reconheço, inclusive, sua importância histórica para equilibrar interesses entre os trabalhadores e patrões. Mas, o que deve levar a uma greve? Em tese, o esgotamento das possibilidades de diálogo. Se, e somente se, isto ocorrer, pode-se recorrer ao direito de greve. Acontece que muitas vezes os sindicalistas abusam deste direito e frequentemente lançam mão de seu instrumento mais radical na luta para terem atendidos seus direitos. Em tais circunstâncias, a população se vê levada a entender o sentimento de inconformismo que toma conta de inúmeras categorias do funcionalismo público.

De fato, a situação salarial dos servidores públicos é dramática. Nos causa indignação saber que muitos funcionários estão sem aumento desde o Plano Real, embora a arrecadação do governo tenha batido recordes históricos. Também é fato que o governo não tem atendido as reivindicações. Contudo, faltam regras na gestão do serviço publico e as greves nos serviços essenciais prestados pelo governo prejudicam demasiadamente a população.

Eu, por exemplo, comprei uns livros pela internet e estes não chegaram no prazo correto por conta da greve dos correios. Nos hospitais municipais e postos de saúde de Fortaleza, milhares de pacientes ficaram sem atendimento médico (mesmo sendo a saúde um direito fundamental garantido na Constituição Brasileira). Os clientes da Caixa Econômica Federal não terão disponíveis certos serviços. E agora, na iminência de mais uma greve na UFC, todos os alunos, e em maior grau aqueles que se formam neste semestre, serão prejudicados pela falta de aulas.

A pergunta que não quer calar é: onde está o nosso direito de usufruir dos serviços públicos? Pagamos caro por eles, e temos o direito de recebê-los a contento. Sem querer entrar no mérito das reivindicações feitas pelos trabalhadores, o que precisa ficar claro é que a opção pela greve não pode virar rotina, porque os cidadãos são a principal vítima da paralisação dos serviços. Quando não há negociação, e ambas as partes não chegam a um acordo em tempo hábil, todo mundo perde!

Lívia Ferreira

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