sexta-feira, 28 de março de 2008

Mercado interno - Um novo desafio

A atual conjuntura econômica brasileira vem nos mostrando um grande aumento no potencial de consumo dos brasileiros nos últimos cinco anos, ou seja, o consumo interno está aumentando e favorecendo o crescimento econômico e a resistência do Brasil perante a crise americana.

O aumento do consumo interno pode ser explicado através do atual potencial de compra das classes de baixa renda (C, D e E), que está mais forte devido ao aumento do salário mínimo nos últimos cinco anos e as políticas assistenciais do governo Lula. Atualmente as classes C, D e E já respondem por 50% do mercado e por 72% do consumo de alimentos no Brasil, segundo a consultoria Data Popular. Sozinha, a classe C e responsável por 30% do consumo.

Esta explosão de consumidores de baixa renda esta colocando as grandes empresas do Brasil em xeque, pois antes elas determinavam o consumo dos clientes, principalmente os de alta renda. Mas agora os consumidores de baixa renda que irão definir os rumos dos negócios.

Perante estes fatos e dados, as empresas vêm sendo “forçadas” a entrar neste mercado ou estarão fadadas a perder mercado e até mesmo fechar as “portas”. Porém, o problema não é tão simples, já que existe o receio de algumas marcas de que o produto se torne popular e perca os consumidores das classes A e B. Este é o caso da indústria de cosméticos, que se caracteriza pelo glamour dos produtos. Uma opção para estas empresas é entrar com força neste mercado é criar marcas novas voltadas para esta classe de consumidores.

Por outro lado temos a empresa de chinelos Havaianas, que atende a todas as classes e nem por isso a sua marca foi prejudicada. Outro problema existente é que os produtos para as classes A e B apresentam uma margem de lucro maior que para as classes C, D e E, mas, em contrapartida, o retorno sobre o capital investido no lançamento dos produtos destinados as classes baixas pode chegar a 90%, cinco vezes mais do que o modelo tradicional de negocio, que privilegia as grandes redes varejistas, segundo pesquisa feita pela BCG (The Boston Consulting Group).

Já existem no Brasil empresas que possuem produtos destinados as classes A e B, mas que já entraram ou estão entrando neste nicho de mercado e inovando, como a Consul e a Nestlé. Estas empresas realizaram estudos dentro de favelas, entendendo a realidade das classes baixas, “repaginaram” produtos e mudaram o método tradicional de distribuição, que favorecia apenas as grandes redes, deixando as classes baixas de lado, já que as mesmas não têm o dinheiro para gastar com o deslocamento.

As classes de baixa renda também querem produtos de qualidade e, por isso, estudos de mercado devem ser feitos pelas empresas para visualizar como atender este mercado sem prejudicar outros. São mercados diferentes, que necessitam de abordagens diferentes, a melhoria continua e a adaptação as mudanças do mercado são características necessárias para empresas vencedoras.

O crescimento econômico favorece as empresas, mas também coloca a prova a sua capacidade de adaptação ao novo, de visualizar possíveis alterações no mercado e que seja fundamental o acompanhamento da nova tendência. Melhorias surgem, mas sempre acompanhadas de novos desafios. Isso é o bom do mundo dos negócios.

Tiago Becker

Um comentário:

Anônimo disse...

Um exemplo bem claro das novas fronteiras do consumo que o artigo descreve é o setor da construção civil. Com o aumento do financiamento do governo federal para compra da "casa própria" muitas construtoras estão revendo conceitos e estratégias para atender estes novos clientes que surgem nas mais diferentes classes. As outras empresas deste segmento, tanto de materiais voltados para construção quanto de serviços, não podem deixar de acompanhar estas novas tendências que surgem com este novo panorama da economia brasileira.

Eng. Tarcísio Honorato
Gerente Jobatt Brasil
gerencia@jobattbrasil.com.br
http://www.jobattbrasil.com.br

Parabéns
Tiago Becker